quarta-feira, 27 de abril de 2011

Amor




     O que é amor? Tem uma definição? Pode-se descrever? Quando sabemos que o que sentimos é amor? O amor tem um fim?
     São apenas meras perguntas que me passam pela cabeça cada vez que penso ‘no amor’, Sou muito nova para falar disto, é o que muitas pessoas dizem. Pois percebi que essas pessoas estão erradas, como muitos sabemos, ‘o amor’ não tem idade.
    ‘O amor’ é um sentimento, muitos não o sentem, outros não o sabem distinguir, alguns o comparam a objectos ou tais coisas chamadas tocáveis. Também há quem chame esse sentimento por ‘fogo’ ou ‘chamas’.
    ‘O amor’ não são apenas vivencias agradáveis e bonitas, ‘o amor’ é um mudo aparte do real, é um mundo inexplorado por muitos, gasto por outros, e inexistente por alguns.
    Quando sabemos que o que sentimos é ‘amor’? Quando queremos proteger, quando nos preocupamos, quando somos capazes de tudo para ver a pessoa amada feliz, quando nos sentimos desiludidos pela pessoa amada, quando nos sentimos magoados, quando sentimos saudades, quando não resistimos, quando apenas de pensar nessa pessoas sorrimos, quando fazemos loucuras e coisas parvas até sem intenção por quem amamos, quando ficamos horas a fio a falar com essa pessoa, quando sentimos aquele frio na barriga, aquela sensação do irreal apenas por estar perto dessa pessoa, quando temos ciúmes, quando nos sentimos revoltados, quando queremos agradar, quando queremos satisfazer.
    Não estou a falar apenas do ‘amor’ erótico, mas sim de todas as formas e maneiras de amar.
    Um verdadeiro ‘amor’ apenas acaba, quando já não existe vida, quando o coração já não bate, é aí que a ‘chama’ apaga. É esse ‘o amor’ do qual estou a falar, daquele amor intenso, daquele amor que poucas vezes sentimos, mas uma vez existente, ou ‘encarnado’ em nós, jamais esquecido.
     Ouvi muitas histórias de amor, esta da qual vou falar foi de um homem de New York, e ele disse ‘ A minha mãe sempre me disse, quando tu encontrares ‘a tal’ no principio vêem os beijinhos, tantos e tantos que nem dá vontade de parar, passado 2 meses só vais querer cuspir, e aí tu pensas, ‘o amor acabou’. Somos nós que construímos o amor, nunca nos devemos acomodar pois aí o ‘amor’ vai passar a ser uma rotina. Quando pensas no ‘amor’ pensa sempre em evoluir, apaixonas-te vais viver com o teu amor de baixo de uma casa pequena, depois vêem os filhos e vão ter que mudar de casa, vêem os netos e vão precisar de uma casa maior. Esse sim é amor, é evoluir’.
    A segunda história da qual vou falar é de uma mulher de Mali ela descreveu ‘o amor’ de uma maneira engraçada mas bastante verdadeira ‘O amor, é como um ovo.  Temos de ser muito cuidadosos com ele pois se o agarrarmos com muita força, corremos o perigo de o esmagar, porém se não o agarrarmos com cuidado ele pode cair e partir-se, o amor é assim é frágil’
    Já que este texto é meu, é claro que não vou falar das experiencias dos outros, já vivi o suficiente para ter alguma noção do que o ‘amor’ pode vir a ser, já amei de corpo e alma, como nunca tinha amado. Mas por enquanto vamos falar daquele amor que é inexplicável, aquele amor que nunca acaba.
   A primeira vivencia de amor que tive não foi, de todo, a melhor. Como qualquer criança, o primeiro sentimento de amor se cria pela pessoa que nos protege, no meu caso, os meus pais. Amo os, mais do que tudo, mais do que ao meu próprio ser, foram eles que me deram a oportunidade de sentir tudo o que a vida nos proporciona, tanto de bom como de mal, ao longo dos anos, fui testemunha da guerra que se erguia entre as pessoas que mais amava, ele estava diariamente a entregar se a um vicio, esse vicio que se tornou um buraco venenoso que diariamente o matava aos poucos, ele tornou se o marido que nenhuma mulher quereria ter, ela o amava, mas estava a matar se por dentro, não precisou de muito tempo para que esse suicídio se transformasse numa tentativa de homicídio, e eu fui obrigada a viver e ser testemunha desse amor mortal alguns anos.
   Um dia a sua coragem falou mais alto, o desespero de uma vida melhor venceu o que ela sentia por ele, e foi se embora, com uma mala que carregava a sua vida na mão e lágrimas nos olhos. Foi como se uma parte do meu corpo estivesse sido arrancada de mim, foi como se tivesse perdido os sentidos. Fiquei com o meu pai, ‘não é assim tão mau’ pensei tentando consolar-me, mal sabia eu que estava a esperar me o pior ano da minha vida, que tudo a partir de aquele momento ia piorar. Ele revelou se um pai irresponsável, que era capaz de usar a própria filha, até a sua saúde, para alimentar o seu vicio.
  E foi ai que eu comecei a crescer, com 10 anos, comecei a perceber que afinal o homem que mais amava, não sentia o mesmo por mim, sua filha, mas sim, sentia amor pelo ser vicio que tinha adquirido durante os últimos anos, foi a segunda desilusão de amor. Durante três anos tentei com todas as minhas forças lutar com uma coisa intocável. Foi ai que consegui perceber como é que a minha mãe se sentia, foi ai que eu consegui perceber como aquilo lhe estava a fazer mal, e comecei a conseguir perdoar aos poucos, o facto de me ter deixado, em busca de uma vida melhor.
   Passados os três anos, ela voltou, e entregou se por completo a uma batalha onde o premio era eu. Eu acredito no amor de mãe, pois ela venceu. Ai eu tive que desistir de lutar, desistir do meu pai, desistir de lutar pela saúde dele, desistir…. ‘Não é a primeira vez, já tive que desistir da minha mãe, vai correr tudo bem’ foi o que pensei ao vê-lo a chorar enquanto me ia embora, mas tinha que ser, pois percebi que aquilo que o matava era mais forte do que a vontade dele, era mais forte do que o amor que sentia por mim, que era mais forte do que qualquer cura possível, e sabia que se ficasse, eu não iria aguentar, e morreria com ele.
 


   Já em Portugal, foi uma experiencia incrível, foi como se tivesse renascido, tinha acabado de entrar na adolescência, é impossível expressar por palavras tudo o que vivi nestes 4 anos. Mas foi aqui, sim durante estes anos que tive a oportunidade de sentir um amor diferente.
  
   O que eu sentia por ele, era lindo, era paixão, era uma chama enorme dentro de mim que crescia com uma velocidade surpreendente a cada dia que passava, ele foi o segundo homem da minha vida, e digo isto com todas as certezas, nunca me tinha sentido tão amada e tão desejada por alguém. Foi o único que me fez realmente feliz, se seria capaz de dar tudo por mim, foi o único em quem confiei com a minha vida, e continua a ser o único que me conhece melhor do que a minha mãe. Amei-o. Um amor que tinha todo o esplendor da palavra, amava os seus defeitos, amava até os momentos mais constrangedores ao seu lado, amava saber que ele não se importava com todos os meus defeitos, nem com o meu passado. Amava-o tanto que tinha medo de o perder todos os segundos da nossa relação, amava-o tanto que fui capaz de coisas impensáveis por ele. Não me arrependo de absolutamente nada. Tudo o que vivi foi essencial para que me tornasse a pessoa que sou hoje.

  Posso dizer que estou feliz, estou satisfeita com a pessoa que me tornei, a vida não é fácil para ninguém, mas a verdade é que agradeço todos os momentos que tive, agradeço os piores momentos que tive, foi graças a eles que aprendi a viver, aprendi a ser forte, aprendi a lidar as situações menos agradáveis. Foram esses momentos que despertaram em mim a vontade de viver e vencer todas as dificuldades que estão para vir e a isso gostaria de chamar, amor pela vida, um outro tipo de ‘amor’ mas de esse amor ainda não posso falar, está em fase de desenvolvimento ahah J
 

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